No Dia Mundial da Migração de Peixes comemorado no sábado (24) a Itaipu Binacional celebrou os bons resultados de suas iniciativas de conservação e monitoramento da ictiofauna, que fazem da usina uma referência internacional nos cuidados com o ecossistema aquático do Rio Paraná e de seu reservatório.
A usina se destaca por ter criado o Canal da Piracema, de 10 quilômetros de extensão (sendo que quatro correspondem ao canal artificial e seis ao leito natural do córrego Bela Vista) que permite aos peixes migradores vencerem o desnível de 120 metros da barragem e alcançarem as áreas de reprodução nos braços do reservatório.
Inaugurado em dezembro 2002, o canal tem sua eficiência monitorada regularmente desde então. Já foram identificadas mais de 180 espécies de peixes entre aquelas que utilizam o corredor como passagem e as chamadas sedentárias, que desenvolvem todo o seu ciclo de vida no canal.
Desde 2004, a Itaipu utiliza o monitoramento eletrônico da ictiofauna. A partir de 2009 o tipo de transmissor implantando nos peixes mudou para um modelo menor e mais barato, com quatro antenas instaladas ao longo do canal.
Mais de sete mil peixes já foram marcados e soltos, o que permitiu registrar a passagem de espécies vindas da usina de Yacyretá, 400 km rio abaixo, ou até 600 km rio acima, após passar pela escada para peixes de Porto Primavera (que usa a mesma tecnologia de monitoramento, permitindo a troca de informações).
Conforme explica a bióloga Caroline Henn, da Divisão de Reservatório da Itaipu, a atividade de marcação dos peixes se concentra principalmente nos meses da piracema legal (de novembro a fevereiro), mas os técnicos da Itaipu consideram um período um pouco maior, de setembro a março.
O restante do ano é dedicado à análise de dados e a produção de estudos sobre o comportamento das espécies, muitos deles executados em parceria com universidades e instituições de pesquisa.
“A atividade de monitoramento dos peixes em uma hidrelétrica é necessária tanto por conta da importância econômica e cultural dos peixes, bem como para medir a sensibilidade de cada espécie à instalação de uma usina e a efetividade de medidas de conservação como o Canal da Piracema”, explica Caroline.
“Esse acompanhamento precisa ser constante porque é um ambiente muito dinâmico. O que se sabe hoje pode não se aplicar mais daqui cinco anos, já que fatores como o regime de chuvas e clima, por exemplo, afetam a biologia das espécies. E a informação atualizada é fundamental para tomar decisões sobre o uso do reservatório para outros fins, como a aquicultura”.
Foto: Alexandre Marchetti.
JIE