Nenhuma outra usina produziu tanta energia como a Binacional. Essa energia toda poderia abastecer o mundo inteiro por 43 dias
A usina de Itaipu deve atingir neste sábado (9) a produção de 3 bilhões de megawatts-hora (MWh) de energia acumulada desde o início de sua operação, em maio de 1984. A estimativa é da Diretoria Técnica, área responsável pela operação do empreendimento binacional.
Esse volume de energia é tão elevado que daria para abastecer o planeta inteiro por mais de 43 dias. Nenhuma outra usina no mundo gerou tanta energia limpa e renovável, e esse montante dificilmente será superado nas próximas décadas por qualquer outra hidrelétrica.
Depois de Itaipu, a usina de Três Gargantas, na China, com uma potência instalada de 22.600 MW, ante 14 mil MW de Itaipu, foi a hidrelétrica que teve a melhor produção acumulada. A chinesa gerou um total de 1,66 bilhão de MWh até 2023, ou seja 55% do total produzido pela usina brasileiro-paraguaia.
Comparativos
Os 3 bilhões de MWh acumulados desde o início da produção de Itaipu seriam suficientes para abastecer, além do mundo inteiro por 43 dias: o Brasil, por 5 anos e 11 meses; o Paraguai, por 221,5 anos; o estado de São Paulo, por 21 anos e 9 meses; por um ano, 662 cidades do porte de Curitiba; ou, também por um ano, mais de 5 mil cidades do porte de Foz do Iguaçu.
Ano singular
A conquista da nova marca acontece num dos anos mais importantes para a história da hidrelétrica, tanto do ponto de vista operacional quanto do empreendimento. Em 5 de maio de 2024, a usina completa 40 anos de produção e, no dia 17 do mesmo mês, serão comemorados 50 anos da criação da empresa binacional.
Pensando o futuro
Para o diretor-geral brasileiro, Enio Verri, “a excelência no processo de produção garante a tranquilidade necessária para a gestão da empresa pensar na Itaipu dos próximos 50 anos, sempre aplicando as melhores práticas de cuidado ambiental e sem perder de vista o desenvolvimento sustentável do Brasil e do Paraguai”.
E finaliza: “É uma marca que precisa ser comemorada e que reflete a excelência técnica não só dos brasileiros e paraguaios que construíram a Itaipu, mas também daqueles que hoje a aperfeiçoam, e a quem dedico meu agradecimento”.
Comemoração
Para o diretor técnico executivo, Renato Sacramento, “chegar a esse marco num ano tão importante para Itaipu é motivo de orgulho para brasileiros e paraguaios, que mantêm um empreendimento essencial para a segurança energética dos dois países”.
Ele destaca que “esses números, que muito orgulham brasileiros e paraguaios, só são possíveis devido à sinergia existente entre as diferentes áreas da Diretoria Técnica e dela com as demais diretorias da empresa, bem como pela elevada qualificação dos profissionais de Itaipu”.
Ainda segundo Sacramento, “além de um processo de operação da usina que busca a melhor utilização da água e dos equipamentos para atender as necessidades dos sistemas elétricos brasileiro e paraguaio, essa marca é alcançada graças também a um criterioso processo de manutenção, que garante a elevada confiabilidade e disponibilidade dos ativos necessários à produção de energia”.
Boa gestão
O diretor recorda que Itaipu usa as melhores práticas internacionais de segurança de barragens, utilizando técnicas e procedimentos para monitorar e avaliar ao longo do tempo o comportamento e a saúde estrutural da obra. Os trabalhos de segurança de barragens são avaliados por um grupo de consultores internacionais a cada quatro anos, que atestam as excelentes condições das estruturas civis da usina.
O intenso cuidado com a água, insumo fundamental para a produção de energia, também é um destaque da binacional. A empresa adota vários programas e ações para preservar as nascentes que alimentam o reservatório, bem como para prolongar a sua vida útil. O trabalho, conduzido nas duas margens da usina, se tornou referência internacional, reconhecido pela ONU como boas práticas no cuidado da água.
Cronologia
Itaipu começou a gerar energia em 5 de maio de 1984. Foram necessários 17 anos para atingir o primeiro bilhão de MWh, marca alcançada em junho de 2001, quando o Brasil enfrentava uma séria crise de racionamento de energia. Onze anos e 2 meses depois, a binacional atingia 2 bilhões de MWh; e, passados outros 11 anos e 7 meses, chega agora aos 3 bilhões de MWh produzidos.
O ritmo de produção anual da usina vem se alterando, não só devido a alguns anos hidrologicamente ruins, mas também em função da mudança da composição da matriz energética brasileira e do perfil da carga atendida pela usina.
Mudança de papel, importância ainda maior
Nos últimos anos, o Sistema Interligado Nacional Brasileiro (SIN-BR) tem presenciado uma introdução massiva de usinas eólicas e solares, que são fontes renováveis chamadas intermitentes. A produção delas depende da presença de sol e vento, cuja disponibilidade varia ao longo do dia, a cada instante.
Como a hidrelétrica é uma fonte que pode ter sua produção controlada instantaneamente, ela permite compensar a variação natural da geração das fontes eólica e solar (e do próprio consumo de energia), funcionando como um “backup”, ajudando, inclusive, a viabilizar a inserção massiva dessas fontes. Como a Itaipu é uma grande hidrelétrica, ela tem uma importante contribuição nesse aspecto, funcionando como uma espécie de “bateria natural” para o sistema elétrico.
Devido à expansão dessas outras fontes, também é possível observar uma mudança no perfil de carga do SIN-BR, com grandes rampas de consumo aos finais de tarde. Em algumas ocasiões, Itaipu contribui com até 30% do atendimento a essas rampas, além de auxiliar nos momentos de variação dessas outras fontes.
Primeiro bimestre
A produção de Itaipu no primeiro bimestre de 2024 foi 4,5% superior em relação ao mesmo período de 2023. Apesar da menor afluência à usina no primeiro bimestre de 2024, comparando com o mesmo período do ano passado, o aumento na produção decorre, principalmente, do crescimento da carga dos sistemas elétricos do Brasil e Paraguai, motivado, majoritariamente, pela ocorrência de temperaturas acima da média para o período.
Atualização tecnológica
Para manter seus excelentes índices de desempenho, a Itaipu Binacional está conduzindo o mais abrangente plano de atualização tecnológica da central hidrelétrica desde sua entrada em operação. O plano começou a ser executado em maio de 2022 e prevê 14 anos de serviços, com cerca de US$ 670 milhões em investimentos já contratados.
A atualização tecnológica contempla a substituição de diversos sistemas de controle e proteção da usina, dentre eles os das 20 unidades geradoras, da subestação isolada a gás, dos serviços auxiliares da usina, das comportas do vertedouro e da barragem.
O processo prevê também a modernização da Subestação da Margem Direita. A substituição de equipamentos eletromecânicos pesados, como turbina, rotor e estator, não está incluída no plano, já que eles estão em excelentes condições e longe do final da vida útil típica para este tipo de componente.