Reclamar do governo, de uma obra ou de um serviço é fácil. Mas, o que você realmente faz para melhorar a cidade onde vive? Cansados de ficar apenas nas ideias, um grupo de voluntários de várias idades e profissões se reuniu para criar o Observatório Social do Brasil, cuja “filial” em Foz do Iguaçu conta com o trabalho de aposentados da Itaipu.
“Ao longo da nossa carreira, Itaipu investiu muito na gente, em cursos e aprimoramento. Agora que nos aposentamos, não podemos deixar que esse conhecimento se perca, temos que usá-lo em benefício da comunidade”, explica Marco Cesar Castella, que, na época da aposentadoria, ocupava o cargo de superintendente adjunto de Manutenção.
Ele é um dos oito integrantes do GT Obras do Observatório Social de Foz do Iguaçu, que tem como objetivo realizar o monitoramento das obras públicas municipais. A atuação se dá de várias formas, desde a verificação da qualidade das construções e dos materiais até o acompanhamento de prazos, valores do contrato e a execução das obras em si.
Marco Aurelio Escobar, ex-superintendente de Obras da Itaipu, foi um dos pioneiros do grupo. “Nunca tinha feito trabalho voluntário, mas senti a necessidade de ajudar a comunidade, fazer com que ela receba obras de qualidade”, conta. Ele reforça que o trabalho realizado não é uma fiscalização, e sim um monitoramento: as observações do grupo são encaminhadas à Prefeitura de Foz do Iguaçu, que toma as medidas necessárias.
“Não adianta só reclamar. Temos que exercer nossa cidadania com critério, análise e observação”, reforça o aposentado da Itaipu Ademar Sérgio Fiorini, que trabalhava na Superintendência de Obras da Diretoria Técnica. E esse é exatamente o objetivo do Observatório: acompanhar a administração pública do município, numa atuação preventiva e proativa, sempre com o intuito de colaborar para a melhoria da qualidade da gestão.
Até 2020, o GT acompanhou mais de 30 obras, entre Centros Municipais de Educação Infantil (CMEIs), Centros de Atenção Psicossocial (Caps), Unidades Básicas de Saúde (UBS), (Unidades de Valorização de Recicláveis (UVRs), obras de drenagem e pavimentação, reformas e ampliações de escolas, postos de saúde, entre outros.
O trabalho de qualidade vem sendo reconhecido. Em 2019, o GT Obras recebeu dois prêmios nacionais: o 2º lugar no VII Prêmio República de Valorização do Ministério Público Federal, na categoria Responsabilidade Social, e o 1º lugar no II Concurso Nacional de Boas Práticas do Observatório Social do Brasil.
Conhecimento compartilhado
Além do GT Obras, o Observatório Social de Foz do Iguaçu conta com os GTs Coleta Seletiva, Educação Fiscal, Patrimônio e Conselhos Municipais. Entre 2011 e 2020, o trabalho dos voluntários economizou mais de R$ 59 milhões para os cofres públicos de Foz do Iguaçu.
“Uma participação maior de voluntários poderia trazer resultados espetaculares para a sociedade, na forma de emprego eficaz de recursos e melhorias nos serviços públicos”, afirma Thyago Klipe, que trabalha no Observatório. Qualquer pessoa, com qualquer tipo de formação, pode contribuir.
O aposentado João Carlos Zanatta, que trabalhou na Diretoria Financeira da Itaipu, não é engenheiro, mas atua no GT Obras verificando contratos e licitações. “Eu já tinha atuado como voluntário, desenvolvendo trabalhos com instituições. Mas aqui, no Observatório, o trabalho é positivo para a cidade inteira”, reflete.
O GT conta ainda com Hamilton Junior, engenheiro eletricista, e João Colpo, engenheiro civil – ambos empregados da Unila. “Trabalhamos numa área que muita gente não conhece bem. Então, é muito bom compartilhar o que sabemos e conquistar resultados melhores”, disse Hamilton.
Compartilhar conhecimentos e conhecer profissionais das mais diversas áreas é um bônus. Bianca Dezen e Erik Moraes começaram o trabalho voluntário no Observatório quando ainda eram estudantes de Engenharia na Unila. Agora, recém-formada, Bianca vê que o tempo dedicado ao OSB-FI foi positivo também para sua formação. “Sou de São Paulo e fiquei feliz de dar um retorno à sociedade de Foz, que me acolheu tão bem. E ainda fiz muitos contatos e aprendi muito com os colegas do GT”, disse ela.
Exercendo a cidadania
A implantação do Observatório Social de Foz do Iguaçu foi iniciada em 2009, por líderes empresariais. Sua atuação é garantida através de mantenedores como associações, empresas e pessoas físicas. A organização não recebe nenhum investimento público e é totalmente apartidária.
Para conhecer melhor o trabalho do Observatório, colaborar ou tornar-se voluntário, entre em contato pelo e-mail: fozdoiguacu@osbrasil.org.br ou pelos telefones (45) 3198-9185 / (45) 98823-5350. O site é https://fozdoiguacu.osbrasil.org.br.
Assessoria