O Parque das Aves, localizado em Foz do Iguaçu, acaba de ampliar e reformular todo o espaço dedicado às corujas e outras aves noturnas. A nova área, que destaca a importância desses animais, será inaugurada para os visitantes na quinta-feira, 4 de agosto, em celebração ao Dia Internacional da Conscientização sobre as Corujas.
“O Parque das Aves recebe muitas aves noturnas, como corujas e urutaus, que foram vítimas de ações humanas e foram resgatadas. Então, criamos esse novo espaço para sensibilizar o público sobre a importância desses animais no meio ambiente, desfazendo mitos e lendas a respeito deles. Queremos que, ao conhecê-las, as pessoas possam se encantar com essas incríveis espécies, e assim, sejam incentivadas a protegê-las”, afirma Daniella França, coordenadora da equipe de Educação Ambiental do Parque das Aves.
A primeira parte do local, batizada de “Encantos da Noite”, abriga aves noturnas, e a segunda abriga diversas espécies de corujas. Recentemente, um dos viveiros desta segunda ala também foi ampliado e recebeu melhorias.
Conhecendo corujas e urutaus de perto
Entre as espécies que podem ser observadas no espaço, estão o tuju, um parente próximo dos curiangos, as corujas a suindara, a coruja-orelhuda, a coruja-murucututu, a corujinha-sapo, a corujinha-do-mato e a coruja-buraqueira (única espécie de coruja diurna presente no local).
Além disso, uma ave que merece destaque especial é o urutau. Atualmente, o Parque das Aves é um dos poucos locais onde os visitantes podem observar este animal tão próximo.
“O urutau é um caçador noturno, que voa com sua boca aberta capturando insetos. Quando resgatado, ele tende a apresentar dificuldade para se alimentar, o que compromete sua qualidade de vida sob cuidados humanos. Por isso, desenvolvemos técnicas especiais para alimentar essas aves aqui no Parque, como oferecer lâmpadas que atraem insetos e não incomodam os animais, para que eles consigam se alimentar por conta própria durante a noite. Hoje temos quatro urutaus e um tuju no recinto”, comenta Paloma Bosso, diretora técnica do Parque das Aves.
Trabalho de resgate e reabilitação
Apenas em 2022, o Parque das Aves já recebeu quatro corujas, encaminhadas pelos órgãos ambientais para receberem cuidados.
“Ao receber um animal, realizamos uma avaliação clínica e, se ele estiver bem, solicitamos ao órgão ambiental que o devolva ao mesmo local onde foi encontrado. No entanto, se estiver ferido ou debilitado, realizamos o tratamento e, caso ele se recupere, pedimos ao órgão ambiental que faça o encaminhamento da mesma forma. Porém, quando o animal não está em condições de retornar ao ambiente natural, permanece sob os cuidados da equipe responsável no Parque das Aves, encontrando aqui um lar para viver com uma boa qualidade de vida”, comenta Paloma.
Assim, o recém-inaugurado espaço Encantos da Noite e a ala das Corujas oferecem um lar permanente a esses animais. No local, há aves recebidas a partir do ano de 2002, que estão sob os cuidados da equipe do Parque das Aves até hoje.
Corujas trazem boa sorte
Por conta de crenças populares que relacionam as aves noturnas com morte e mau agouro, esses animais são vítimas de maus-tratos. No entanto, diversas ações de educação ambiental ajudam muitas pessoas a reconhecerem sua importância e beleza.
Outro fator que contribui com a proteção das aves noturnas são as culturas que as enxergam de forma positiva. Em diversos países, as corujas são consideradas símbolos de prosperidade, boa-sorte e sabedoria. É o caso da Grécia, onde estão associadas à deusa grega Athena, que representa a inteligência. Por isso, a coruja também é tida como símbolo dos professores.
Nos últimos anos, a série Harry Potter teve um papel importante para reduzir o preconceito contra as corujas. No entanto, levou ao aumento da compra desses animais para manter em ambiente doméstico, inclusive ilegalmente. “Corujas não são animais fáceis de cuidar e podem ter grande longevidade. Além disso, por serem carnívoras, demandam presas constantes para atender suas necessidades nutricionais”, esclarece Paloma.
Guardiãs das cidades, plantações e florestas
Se nos filmes de fantasia as corujas são consideradas seres mágicos, com poderes místicos, na vida real elas são essenciais para a saúde do meio ambiente e dos humanos.
Por exemplo, um casal de corujas-de-igreja pode consumir mais de 3 mil ratos por ano. Inclusive, como essas caçadoras aladas se alimentam perto de habitações humanas (como sótãos, celeiros e torres), é considerada uma das aves mais úteis do mundo.
Além de ratos, as corujas também consomem incontáveis insetos, répteis, anfíbios, morcegos e aracnídeos. Evitando a proliferação exagerada de diversos animais, elas previnem doenças nos ecossistemas e protegem a saúde dos humanos. Dessa forma, as corujas resguardam o equilíbrio nas cidades, plantações e florestas.
Como ajudar as aves noturnas
Durante o dia, muitas aves noturnas dormem nas árvores, onde ficam protegidas de predadores, repondo as energias para voltar a caçar durante a noite.
No caso dos urutaus, o comportamento natural de descanso envolve permanecer imóvel por muitas horas. Por conta dessa imobilidade e da coloração marrom, muitas pessoas os confundem com troncos de árvore. Outras, imaginando que as aves camufladas estejam feridas ou doentes, acabam “resgatando” os animais sem necessidade.
“Quando encontramos uma ave repousando, o ideal é deixá-la descansar com tranquilidade. Porém, se ela realmente estiver ferida, a recomendação é acionar o órgão responsável pelo resgate de fauna na sua região. Essa conduta só é necessária quando, de fato, é preciso intervir para salvar a vida do animal”, explica Paloma.
Por fim, além de deixar as aves descansarem e não realizar resgates desnecessários, é muito importante evitar interagir com ninhos e filhotes.
Assessoria